Este ano, a 4ª edição da campanha de valorização da criptografia realizada todos os anos pela Coalizão Direitos na Rede (CDR) no mês de agosto, a CriptoAgosto, trouxe um diferencial. A grande novidade foi a participação de quatro organizações com atuações diversas provenientes das regiões Norte, a Rede Jandyras (PA), do Nordeste, o Coletiva Periféricas (PE), do Centro-Oeste, Jovem de Expressão (DF) e do Sul, o Coletivo Turmalina (RS), para construírem atividades em defesa da segurança digital utilizando a criptografia em seus territórios.
O tema de 2023 – ManiFESTAção: criptografia, cuidado e território – teve como inspiração o pensamento do grande intelectual e geógrafo Milton Santos: “O território é o lugar em que desembocam todas as ações, todas as paixões, todos os poderes, todas as forças, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem plenamente se realiza a partir das manifestações de sua existência”.
A Cripto Agosto teve início no dia 3 de agosto com a live “Furando a bolha da Criptografia” no YouTube da CDR e contou com a participação de integrantes dos Coletivos e de parceiros das criptofestas, como a criptofunk. Para Felipe Rocha, pesquisador do Laboratório de Políticas Públicas e Internet (LAPIN) e consultor da Coalizão Direitos na Rede, a edição deste ano foi muito bonita porque marcou um outro tempo, bem diferente das edições anteriores quando havia sinais de que a criptografia estava ameaçada no Brasil.
“Foi muito especial fazer a primeira edição presencial com uma temática que trouxe esperança para a proteção desse direito tão importante. Desde a organização interna da CDR, a participação de organizações da Coalizão, como o IRIS, o data_labe, o IP.rec e de coletivos de todo Brasil, tudo ocorreu de forma planejada. A nossa luta continua, durante todo o ano, mas esse agosto nos mostrou que participamos de uma comunidade com muita força e união para enfrentar os desafios que teremos pela frente”, avaliou Felipe Rocha.
Já Pedro Amaral, co-coordenador do Observatório da Criptografia do Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia (IP.rec) do Recife, a CriptoAgosto, de 2023, funcionou como um laboratório criativo de experiências e práticas para promover a criptografia, a privacidade e a segurança. “O engajamento dos coletivos foi essencial para essa experimentação que expandiu as possibilidades da campanha. Mesmo sendo a primeira vez lidando com o tema, no caso de alguns coletivos”.
Rocha também avaliou como positivo o engajamento dos Coletivos na campanha. “Este ano fizemos algo completamente novo para a Criptoagosto. Contamos com a participação e colaboração de 4 coletivos que atuam em territórios, localizados nas diferentes regiões do Brasil, além de uma formação espetacular com a Rede Transfeminista. O mais legal é que são coletivos que tratam não só sobre direitos digitais, mas também sobre justiça climática, direito da juventude, direito das mulheres, da população negra e quilombola. Ou seja, foi uma oportunidade incrível de ver a criptografia sendo discutida em espaços tão plurais e sob uma perspectiva interseccional”.
Cada Coletivo organizou a própria atividade em seu território. Houve oficina de segurança digital com articuladoras ambientais em Belém, no Pará, com a Rede Jandyras, criptofesta com a juventude, do Jovem de Expressão, em Ceilândia, no DF, manifestação artística em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com o quilombo digital Coletivo Turmalina e roda de conversa com Cine Rua em Ibura, em Pernambrico, com a Coletiva Periféricas.
Outra experiência que merece destaque, mesmo não fazendo parte da CriptoAgosto deste ano, mas que compartilha de uma cultura de fortalecimento da criptografia para o país, foi a CriptoFrevo, realizada no último dia 2 de setembro, no Recife, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife (IP.rec) e que reuniu quase de 200 pessoas em 12 horas de atividades, como mesas redondas, palestras, oficinas de frevo, sessões de audiovisual e apresentação da Orquestra 100% Mulher, da Maestrina Carmem Pontes.
“Pegando emprestado de Luís Bandeira, quisemos trazer a “embriaguez Frevo, que entra na cabeça, depois toma o corpo e acaba no pé”. Assim, ampliamos essa busca para tratar da autonomia da cultura popular frente aos processos tecnológicos atuais e pretéritos. Por isso, promovemos discussões diversas voltadas para nossas expressões tradicionais e periféricas de Pernambuco e o Frevo é um dos principais símbolos. Assim, apesar de ser a primeira edição e estar fora dos centros de poder e dos recursos, entendemos que foi um grande sucesso. Foi possível promover diversas atividades sobre criptografia, privacidade e vigilância, de um lado, e expressões culturais e tecnologias emergentes, do outro, para um público acima do esperado e muito diverso” contou Pedro Amaral, do IP.rec.
Confira abaixo as contribuições da CDR, suas organizações e coletivos para a campanha deste ano. Filtramos as hashtags #CriptoAgosto2023 e #CriptoAgosto na busca do Instagram:
Coalizão Direitos na Rede (CDR)
Live de lançamento da CriptoAgosto
Conteúdos das entidades da CDR e do público externo
Iris – Criptografia como um direito humano básico de todes
Criptografia e Mulheres na GI #1
Criptografia e Mulheres na GI #2
Criptografia e a proteção da diversidade
data_labe e a língua do Catete
IP.rec – O que o território tem a ver com a criptografia
Atividades dos Coletivos para a campanha CriptoAgosto